quinta-feira, 7 de junho de 2012

Evangelho ou Cultura?

O banho, por exemplo. Ele gozou de grande prestígio entre as civilizações antigas e estava associado ao prazer: vide as termas romanas. Durante o império, os banhos públicos multiplicaram-se e muitos se tornaram locais de prostituição. Eram os chamados "banhos bordéis", onde as "filhas do banho" ofereciam seus serviços. Os primeiros cristãos, indignados com a má frequentação, consideravam que uma mulher que fosse aos banhos poderiam ser repudiada. O código de justiniano deu respaldo a ação. Concílio após concílio, tentava-se acabar com eles. Proibido aos religiosos, sobretudo quando jovens, abster-se de banho se tornou sinônimo de santidade. Santa Agnes privou-se deles toda a vida. Ordens monásticas os proibiam aos seus monges. O batismo cristão, antes uma cerimônia comunitária de imersão, transformou-se numa simples aspersão.

Retirado do Livro "Histórias Íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil", de Mary Del Priore