A manipulação das pessoas é uma
velha prática já conhecida de quase todos os povos em quase todas as épocas. E provavelmente, não há um
meio mais eficaz para atingir tal intento do que a utilização da religião . A religião vai lidar com o mistério do
sagrado, sua função é aproximar um mundo invisível, governado por um ser todo
poderoso, deste mundo tangível de seres mortais e dependentes da misericórdia
divina para usufruírem uma vida tranquila, principalmente uma vida pós- morte.
Logo, neste cenário, adquire
grande importância a figura dos sacerdotes que vão servir de mediadores, ou
muitas vezes, de verdadeiros representantes de Deus na terra. São eles que
recebem em primeira mão as ordenanças divinas; eles são os privilegiados
instrumentos humanos de Deus; eles detêm um conhecimento que nenhum outro
possui. Uma das implicações mais óbvias destes fatos é o destaque desta classe
em relação aos demais indivíduos. Também vai ser de fácil dedução que estes
venham querer preservar seu status quo,
como é comum a todas as classes privilegiadas.
Porém, o advento do Reino de Deus
aqui na terra inaugurado por Cristo, subverte essa ordem e cria uma comunidade
de iguais, onde quem se considera grande, adulto, está fora deste reino. Neste
Reino não há mais espaços para mistérios, pois o maior mistério que estava
oculto desde todos os séculos, agora foi manifesto: Jesus Cristo. Não há mais
intermediadores entre Deus e os homens, pois Ele é o único mediador. Não se
conhece mais Deus pela boca de um sacerdote que detinha o monopólio da
divindade, mas se entregando a esse Jesus que é a plenitude da divindade.
Por isso fico estarrecido quando
ainda hoje vejo no meio cristão, líderes fazendo uso de mecanismos de
autopreservação alegando possuir uma unção que lhe confere primazia sobre os
demais. Para isso, importam um texto do velho testamento e reclama para si a
unção do rei destituído Saul sobre suas vidas, utilizando-se da conhecida e
desgastada expressão: “não toques no ungido de Deus.” Cometem assim uma violência
contra o texto bíblico caindo naquela máxima da hermenêutica: “Quem ler o
texto, fora do contexto cria um pretexto para heresias”. O texto em destaque é
a negativa de Davi aos seus soldados para não matar Saul o qual tentava dar
cabo se sua vida. Interessante notar que aqueles que requerem para sí a unção
de Saul, fazem vistas grossas sobre a sua possessão demoníaca e seu intento
assassino contra o homem chamado “segundo o coração de Deus”.
No velho Testamento a unção de
Deus, que de forma bem simples significa possuir o Espírito de Deus, sobrevinha
sobre poucas pessoas, isto é, reis, sacerdotes e profetas para desempenharem
funções especiais dentro da sociedade judaica. E é dentro desta mesma sociedade que o ungido profeta Joel vaticina acerca dos
dias que, indistintamente, homens, mulheres, jovens seriam cheios do Espírito Santo de Deus.
A questão que se coloca para nós,
então, não é de ir contra ou não a vida dos chamados “ungidos do Senhor” da
atualidade, mas realmente não atentar contra a vida de nenhum dos “ungidos de
Deus”, o que para nós não se resume, apenas, a uma casta de privilegiados, mas
de todos aqueles que fazem parte da comunidade do Reino de Deus.
Excelente Texto, Rodrigo! O único UNGIDO é o Cristo!
ResponderExcluirMuito bom amor!
ResponderExcluirO espírito que antes falou por meio dos profetas "ungidos de Deus" por intermédio dos quais ele ensinava seu povo, agora está à disposição para todos quantos derem lugar, e não para uma classe exluziva.
ResponderExcluirMuito Bom, Rodrigo.